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Gestão Financeirasetembro 17, 2023

A importância do capital de giro para o crescimento da sua empresa

“A minha empresa vem crescendo ano após ano, mas eu não vejo esse dinheiro crescendo na minha conta bancária.”

“Eu sei que meu preço gera uma margem aceitável, porém estou sempre em busca de financiamentos, ou no limite do meu caixa.”

“Como a minha empresa pode ter um resultado positivo, mas não sobra nada no meu caixa?”

Se você já ouviu algumas dessas frases, ou se identifica com tais questões, saiba que a resposta provavelmente estará na dinâmica do Capital de Giro de seu negócio!

O famoso Capital de Giro é, ao mesmo tempo, amplamente conhecido pelos empreendedores e, também, um mistério. É conhecido, pois é citado em muitos comentários e reuniões com gerentes de bancos, porém é um mistério devido à dificuldade de medição e de tornar tangíveis os conceitos envolvidos. Por isso, vamos tentar aumentar a nossa compreensão geral sobre esse assunto atacando quatro pontos diferentes: o que é o Capital de Giro; como medir o Capital de Giro; como o Capital de Giro pode ser impactado; como o Capital de Giro pode distorcer a visão do empresário sobre a sua empresa.

O que é Capital de Giro?

De maneira simples, o Capital de Giro é a quantidade de dinheiro necessária para que a sua operação possa “Girar”. Isso quer dizer que é a quantia de recursos financeiros mínima para que você possa produzir os seus produtos diariamente. Isso pode parecer simples e óbvio, mas é mesmo?

Esse volume de recursos financeiros está estritamente ligado a uma conta que mede o tempo que os seus desembolsos levam para gerar recebimentos e o montante do Capital de Giro traduz esse tempo em valor, no caso dinheiro. Portanto, podemos fazer uma conta simples:

Dia 01 -> Compra da matéria prima (pagamento à vista).

Dia 05 -> Finalização da produção e entrada no estoque do produto finalizado.

Dia 06 -> Venda feita e faturada com 30 dias para pagamento.

Dia 36 -> Recebimento no caixa e baixa no sistema.

No exemplo acima, teremos um Capital de Giro equivalente a 36 dias de operação.

Dessa maneira, podemos dizer que o empreendedor precisa pagar todas as contas de sua operação de 36 dias (inclusive a compra de insumos), sem considerar nenhuma entrada de dinheiro em seu caixa.

Portanto, o primeiro passo para entender o que é o Capital de Giro é entender que ele é proveniente de uma medida de tempo entre o desembolso e o recebimento de uma operação que, posteriormente, é traduzida em valores monetários.

Como medir o Capital de Giro?

Como nada na vida de um empreendedor é simples, quando estamos lidando com a realidade, devemos aplicar a medida média entre: prazo médio de pagamento a fornecedores, prazo médio de tempo em estoque, prazo médio de tempo de produção, prazo médio de venda/faturamento, prazo médio de recebimento, entre outros. E, como se isso já não gerasse complexidade suficiente, na literatura técnica são apresentadas diversas maneiras de calcular o Capital de Giro de uma empresa: Capital de Giro Líquido (CGL), Ciclo de Conversão de Caixa (CCC), Índice de Liquidez Corrente, Giro de Estoques, Prazo Médio de Contas à Receber, entre outros.

Para aplicar tais técnicas, é necessário que as informações financeiras da empresa estejam bem organizadas em seu sistema, ou que seja feito um trabalho minucioso de levantamento de informações e planilhas, o que acaba dificultando, quando não inviabilizando, o cálculo para muitos empresários (principalmente PMEs). Como esse artigo não trata de um tipo de empresa específico, nos abstemos de apresentar exemplos de cálculos mais aprofundados. Contudo, recomendo fortemente que os gestores busquem conhecer todos os métodos de cálculo citados, que são explicados por uma miríade de sites em uma busca simples.

A grande questão que esse artigo tenta esclarecer é que o Capital de Giro é, de fato, uma medida de tempo, antes de ser uma medida de valor e, por isso, as ações que impactam na redução do Capital de Giro são ações que impactam nos prazos médios de recebimentos e pagamentos.

Como medir o Capital de Giro?

Com a intenção de reduzir o seu Capital de Giro empresários devem pensar em todos os passos que levam à criação de seu produto e agir em cada fase desse processo, tanto do ponto de vista operacional, quanto do ponto de vista de negociação. Com isso em mente, dentre a grande quantidade de ações que tem impacto no Capital de Giro, vamos apontar algumas que muitas vezes acabam sendo negligenciadas pelos gestores.

Compra de matérias primas

Na compra de matérias primas a prioridade é o planejamento assertivo da quantidade a ser comprada. É mais confortável trabalhar com um estoque de matéria prima maior, porém isso gera o aumento do tempo de matéria prima em estoque, consequentemente aumentando o intervalo entre o desembolso e o recebimento. Após revisar esse ponto e tentar otimizar as quantidades de matéria prima em estoque, o empresário deve fazer uma lista de seus fornecedores, classificando-os do maior (maior custo) para o menor. Dois pontos de negociação deverão ser analisados para cada fornecedor da lista, o prazo de pagamento (que deve ser estendido) e o prazo de entrega após o faturamento. É importante levar em conta que o ganho de 1, ou 2 dias já é benéfico para o Capital de Giro.

Gestão de estoque de produtos acabados

Os estoques de produtos acabados devem sempre ser analisados com o tempo em perspectiva, mesmo que os produtos não sejam perecíveis ou tenham uma validade extensa. Por isso, a primeira regra para impactar a necessidade de Capital de Giro da empresa é manter sempre os saldos de estoque e sua “idade” atualizada para o time de vendas, juntamente com o direcionamento de esforços para escoamento de estoque de itens específicos.

A segunda regra para atacar essa questão é otimizar o portfólio de produtos, pois produtos com baixo volume de vendas costumam demandar muito do Capital de Giro uma vez que o tempo do ciclo entre os desembolsos e os recebimentos para esses itens tende a ser maior. Por isso, as decisões de parar a produção desse tipo de item devem ser tomadas rapidamente a não ser que a rentabilidade seja extraordinária para compensar o custo do próprio Capital de Giro.

Gestão Financeira

Entre as PMEs existem muitas empresas que recorrem à antecipação de duplicatas exatamente para financiar o seu capital de giro. É importante que essa antecipação de duplicatas não seja feita de maneira automática, assim como a antecipação de recebimento de cartão de crédito. Quando a antecipação automática é feita, muitas vezes as empresas acabam antecipando recebimentos que não precisam e, com isso, pagam juros altos para antecipar recebimentos que poderiam antecipar na próxima semana, ou até no próximo mês. É importante ter em mente que o custo da antecipação é diretamente proporcional à quantidade de dias antecipados.

Pela experiência de atuação em muitas PMEs de vários setores diferentes de nossa economia, podemos garantir que, apesar dos pontos acima parecerem óbvios, eles podem fazer uma grande diferença para empresas que lutam com os seus saldos de caixa, mesmo enquanto apresentam lucros operacionais. Além disso, a gestão do tempo do seu Capital de Giro pode melhorar muito o entendimento do empresário sobre o momento pelo qual o seu negócio está passando e melhorar a capacidade de tomar decisões corretas e assertivas.

Como o Capital de Giro pode distorcer a visão do empresário sobre a sua empresa?

Toda essa dificuldade em tornar tangível a necessidade de Capital de Giro de uma empresa e suas variações leva muitos empresários a ter visões distorcidas de seu próprio sucesso. Esse fato pode levar a uma tomada de decisão equivocada! Com isso em mente, dentre essas distorções, as mais comuns são as de:

  • Empresas em crescimento constante

É nesse tipo de empreendimento que podemos encontrar empresários fazendo indagações do tipo: “porque, mesmo aumentando o faturamento, continuo sem dinheiro no caixa?”. Essa situação é bastante comum para PMEs, uma vez que o próprio crescimento de sua empresa está consumindo constantemente o seu capital gerado pelo lucro (lucro financiando o capital de giro). Isso ocorre pois o intervalo entre os pagamentos e os recebimentos não mudou, mas os valores que constituem essas transações aumentaram constantemente.

  • Empresas com um crescimento muito acentuado

É nesse tipo de empreendimento que encontramos empresários pressionados pela grande necessidade de aportes de capital na empresa, sem compreender de maneira clara que seu problema não é preço e nem volume de despesas, mas sim o próprio volume de capital de giro. Nesse caso, há o risco de não ser possível conseguir mais linhas de financiamentos em bancos (devido ao alto endividamento), colocar a sua empresa em risco ao assumir dívidas caras demais ou tomar medidas drásticas de redução de custos/despesas que acabam sendo prejudiciais à operação. Sendo assim, se o empresário souber que o seu “problema” está apenas no crescimento muito acelerado, ele poderá tomar decisões menos arriscadas, como: mudar sua política de prazos de recebimentos (diminuição do Capital de Giro) renunciando a parte do crescimento em volume, aumentar seus preços para melhorar a sua margem, também em detrimento do volume, ou buscar um investimento proveniente da entrada de novos sócios.

  • Empresas que entram em novos mercados

Há casos em que alguns empresários comemoram muito a entrada de sua empresa em um novo mercado, porém isso pode gerar uma pressão enorme em sua necessidade de Capital de Giro. Por exemplo, quando uma empresa que está habituada a vendas B2B para lojas relativamente pequenas e, de repente, consegue entrar nas grandes redes de varejo. Além de ser pressionada por preços menores, essa empresa também será pressionada por prazos de recebimentos mais longos. Com isso, de uma só vez, o empresário terá a rentabilidade marginal reduzida (preço) e o intervalo entre pagamentos e recebimentos aumentado, resultando em um grande aumento da necessidade de Capital de Giro.

Esperamos que as questões levantadas neste texto possam contribuir para o seu entendimento sobre esse assunto tão complexo. Contudo, é fundamental que durante o seu desenvolvimento a empresa possa contar com um profissional capacitado para que seja feito um estudo detalhado da dinâmica do negócio e seu Capital de Giro, preparando assim as bases para um crescimento sustentável com riscos reduzidos.

Henrique Massucato
Líder Especialista DHoffmann – Gestão e Inteligência de Negócios
henrique@dhoffmann.com.br

Fonte: Revista Locale

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